sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Para Pôr Aí ou Por Aí


Escrevendo palavras invisíveis
percebi-me vertendo lágrimas

Misturando os sais de banho com meus ais,
os odores angelicais com meus instintos viscerais,
lancei mão dos desejos brutais e mergulhei no sublime
e sutil convite da magia das noites silenciosas e intensas

Extensas horas de vazio
Espessas mágoas
Expressas ânsias




Perfumada por velas e óleos
Inundada
Água e sonho por todos os lados

Letras e fios de cabelo soltos por entre os dedos
fluindo e caindo de minha alma por aí...


quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Diabrantes




Olho nos olhos mais diversos
E não vejo grandes progressos
nas artes de amar

 
Fatiados em mil partes
são olhares cansados

Cansativos, fatigados

 

Qualquer brilho esvaiu-se
Qualquer vazio se encheu

de tentativas vãs e foram calando,

endurecendo, ensurdecendo diante de si

diante de tudo, diante do mundo, diante de ti

 

Diariamente podado,
Diamante incrustado

num canto tão recôndito da alma
que já não recorda ter seu brilho

já não pode ser seu filho
o amor que lhe secou

 

Sem som, sem luz, sem cruz, sem bom
Nem mal, nem bem, nem sem, nem com
 

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Fluindo



A mensagem invade os olhos e ouvidos desatentos, mas sedentos por respostas
As angústias e aflições não veem escape em janelas, tampouco em portas
Se não te importas com nada, o que temes?
Se não navegas mais, para que lemes? 


Silencia, e então escuta:
Deus fala dentro de ti
Ele esconde-se aí
desde sempre 
 

Sussurra docemente Seu amor
Seus segredos, tão explícitos,
desde o início confessos a ti

 
Simplesmente deixe-se ir
é só fluir entre os rios e peixes
é só seguir o barulho das águas
que batem nas pedras até desfazer o limo
que lavam a alma até remover todo o limbo
 

Subitamente perceberás que o vento,
assim como o tempo,
varre o que é preciso
E muitas o que é impreciso
É incrivelmente mais precioso

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Joaninha



Pula de ponta em ponta

Mas não conta meus segredos

Corre de canto em canto

E encanta até os rochedos

 

Mergulha fundo nos mistérios,

mas no mar, fica só na beirinha

Saltita e se joga com os peixinhos, a gargalhar

Sorri e assopra beijinhos faceiros soltos ao ar

 

Alegre e faceira, a minha pequena feiticeira

Doce e dengosa, a criança dadivosa

Traz luz e leveza aos meus dias

Recobra a paz, a melodia

da minha vida-canção

Viva Cosme e Damião

terça-feira, 28 de agosto de 2012

O Despertar




Vejo tanta barbárie
E nem sequer mais me assusto
(Isso me assusta)
Miro várias paisagens
E em nenhuma há refúgio

Não há passagens visíveis.
E para alguns, não há limites...
E então, há quem duvide:
É cabível nutrir esperança?
É possível alimentar nossas crianças?
 
Sim, mas precisaremos resgatar a justiça
Necessitaremos juntar nossos restos
de sonho e luta despedaçados
e nos colocarmos na linha de batalha
Sabemos que há quem não valha
a nossa luta, mas mudemos de lado!
Temos seres alados dispostos a nos auxiliar

Pensemos:
Onde foram parar os honestos?
Onde moram os corretos?
Qual o rumo certo?

Por ora só vejo desertos
Avisto sombras e a previsão é de chuva forte
E já não sobra muita reza
(que sozinha não venceu a guerra)
E aquele que despreza a fome
Que profere de Deus o nome
sem entender o significado real do amor
Não pode ser comandante do nosso torpor
Acordemos, pois é chegada a hora!
Ou... talvez, outra vez, jogaremos tudo fora.
 

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Figurante Fulgurante















As fulguras duma alma sedenta por enlevo
Não se enquadram nos pálidos textos molhados
de lágrimas e maus costumes

Dilúvios passageiros de paixão
Não inebriam o que há por dentro
senão o externo, o extremo

Entendimentos parcos e raros
anuviam as mentes torpes e tontas
que já não pensam, já não percebem

Esquecimentos tantos e tansos
aniquilam o que se chamaria entendimento
e já não lembram, e já não sabem, e já não podem
ser quem eram
saber o que querem
entender o que quer que seja

Originalmente publicado em www.viapalhoca.com.br/article/detail.php?id=5135

sábado, 23 de junho de 2012

Emaranhados


Essa vontade de devorar a vida
de curar feridas
de correr nua
de colher frutas e bons resultados
de escolher ruas e cavalos alados
para correr por aí e por aqui
parece agora tão boba

Todos me têm feito parecer tolo
com meus sonhos e desejos viscerais

Bolos de festa sem confeito,
frases lindas, mas sem efeito
contos de fada com muito defeito
Assim têm sido as receitas seguidas

Emaranhados não desfeitos
vão se acumulando nas teias do pensamento
e, por um momento, me pergunto: quem me entende?
Embaraçados os conceitos
vão se contorcendo, confundindo sentimentos
e, noutro momento, me pergunto: sou eu quem mente?

Poema Publicado Originalmente em www.viapalhoca.com.br

domingo, 20 de maio de 2012

Doces Sonhos




Como encontrar entre tantos sonhos
Algo menos real, menos enfadonho
Se tudo o que tenho, temo
E tudo o que quero, perco?

Como entornar o caldo ralo da vida
se todos os calos e feridas
se mesclam aos lampejos
de desejos prostrados
entre um ressonar
e outro?

Ouros e pratas não me encantam
Louros e fama não me agigantam

Almejo o simples e belo
Talvez bonecos de nuvem, uns caramelos
Guloseimas a lambuzar-me a boca e alma
Doçuras espalhando-se por dentro e fora de mim
Quisera ser este o meu imaginário e solitário doce fim

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Eparrei



Não sei, mas acho que preciso de mais
Ou, quem sabe, preciso demais (?)
Talvez precise só estar só
ou quem sabe precise só
de um banho de mar
ou um de cachoeira
Um banho de amor
Um bocado de amor pra aquecer um coração cambaleante
pra reconfortar um sentimento tão errante, uma canção tão desconcertante
ideias tão cortantes quanto os relâmpagos das madrugadas regidas por Iansã

E falando Nela, preciso sim é de sua Força
Seus Chicotes, Erechins e Ventanias
Serão meus guias
neste novo caminhar

Seus ventos que me joguem em novas estradas
que me empurrem a novas entradas
que me enlevem e levem ao céu

Meus medos, Ela dissipe com seus raios
Seus raios iluminem os segredos da vida
Minha vida esteja sempre à luz de Sua espada

sábado, 7 de abril de 2012

O Não-Escritor

                                              

Poeta não é escritor mesmo.
Poeta mói.
Mói e corrói o que dói na alma inquieta do povo.

Poeta não escreve.
Poeta põe.
Põe em ordem as ideias – bagunçando-as.

Poeta não descreve.
Poeta rompe.
Rompe com os conceitos rotos do tradicionalismo linguístico.

Poeta não transcreve.
Poeta interrompe.
Interrompe o jeito velho e cansado de sentir e pensar e repetir.

Poeta não prescreve.
Poeta vive.
Vive nos que vivem de amor, e natureza, e qualquer coisa que seja poesia.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Gaiola


Onde está minha alegria?
Onde foi parar a luz do dia?
Onde se impregnou a agonia,
que não vejo, mas sinto
que não conto, mas minto
que não entendo, mas pinto
na tela, na teia cheia da vida bordada à mão

Onde está minha ousadia?
Onde foi começar a mordomia?
Onde se impregnou minha apatia,
que não quis, mas expus
que não projetei, mas reluz
eu não almejei, mas jamais pus
para dentro da gaveta e chaveei com vigor

Tateando pelos cantos da casa e do coração
na esperança de encontrar alguma solução
concluí não haverem fórmulas mágicas
capazes de amornar o desejo de ser

Tatuando mandalas por todo o meu corpo
na esperança de registrar alguma  emoção
concluí não haverem símbolos mágicos
capazes de tornar indelével o querer 

quarta-feira, 28 de março de 2012

Verdadeiras Peles



Adoro andar nua
Adoro andar

Me sinto um pouco como a lua
E em minhas fases,
tenho faces diversas
Todas elas, verdadeiras

Adoro andar nua
Adoro amar

Me sinto curadora quando amo
E em minhas peles
conforto e confronto-me
Todas elas, tão verdadeiras

Adoro andar nua
Adoro olhar

Me sinto imperadora ao mirar
E em meus olhares
Percebo e mostro-me
Tantas visões, são verdadeiras

Adoro andar nua
Adoro nadar

Me sinto mergulhadora nata
E em meus naufrágios
Encontro e perco-me
Tantos tesouros;são verdadeiros

quinta-feira, 22 de março de 2012

Até Perceber


E fui me falando e me repetindo
Até perceber: cadê o encanto?

E fui me perdendo, esfacelando
Até perceber: onde fui parar?

E fui me enojando, embotando
Até perceber: cadê a luz?

E fui me entendendo, empenhando
Até perceber: foi preciso.

E fui me negando, ocultando
Até perceber: saudades de mim

E fui me buscando, tentando
Até perceber: nunca deixei de ser

E fui me alegrando, amando
Até perceber: sou eu comigo!

E fui caminhando, esvoaçando
Até perceber: só sou, só eu sei.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Montada




Vesti meu trajezinho básico e me pus a correr pela cidade
Precisava romper com meus velhos conceitos enjaulados
em um coração já tão fatigado e castigado e mastigado
Sentia que necessitava absorver uns novos jeitos de ser
Ansiava por intensidades e arrebatamentos, novidades

Passei em frente a vitrines
Só vi colares e outras futilidades
Passei em meio a limusines
Só vi má intenção e frivolidades

Vesti minha máscara para não assustar os transeuntes
E sustentei o belo sorriso maquiado como os olhos pintados
Verti lágrimas para dentro para não causar sustos, desconfortos
Parti para cima de um salto para atravessar a rua e os confrontos

Passei desta para uma melhor
Só vi uns poucos ao meu redor
Passei a rir das migalhas ofertadas
Só vi desculpas sujas, esfarrapadas

sexta-feira, 9 de março de 2012

Areia


Não me apertes tanto
que posso escorrer por entre teus dedos
Não há o que temeres
Para ti só tenho carinhos, jamais segredos

Não me digas quem sou
Venho tentando compreender desde que nasci
Não me digas para onde vou
Ventos distintos me mostram onde posso seguir

Malas Prontas



Estou de portas abertas. De malas prontas
Com a cabeça tonta e o coração cheio
O corpo vazio, sem teu cheiro aqui
O copo vazio, sem teu gosto aqui
Sem teu toque, teu gozo
Sem teu jogo perigoso
de olhares e palavras
Sem enredos
Sem medos
Segredos

quinta-feira, 8 de março de 2012

Nova MULHER


O Sagrado Feminino habita em nós, mulheres, desde o instante em que somos geradas, desde quando a primeira centelha de vida vem habitar o corpo terreno, ainda no ventre de nossa mãe.
Ao enxergarmos a luz da Grande Mãe (Terra) nossa visão sutil é ofuscada e calada pelas vozes deste mundo feroz.

Em nosso caminhar por Aqui, vão-nos apagando as intuições, pedindo-nos que esqueçamos nossa essência, que abafemos nossa voz, que sufoquemos nossa liberdade de ser.

 E então a mulher deixa de vivenciar sua totalidade para ser, quem sabe, um protótipo de homem frágil, uma vez que aquele outro tipo de força que habita o masculino, não abunda em nós.

Então, suplico: ACORDE, mulher!

Seja mulher, não ignore o que queres, o que és. Alegre-se, perfume-se, anime-se! Celebre a vida. Dance para a Lua, consagre as águas e o céu de estrelas. Permita que tua alma dance no ritmo das ondas mágicas do grande mar da vida. Perceba que tens todos os dons e talentos das deusas que te antecederam, e que te habitam.

Habitue-se a ouvir-se. Treine seu canto. Distribua seus encantos por todos os cantos. Solte suas asas, permita-se voar por cima dos erros, das limitações dos graves julgamentos que de ti foram feitos. Sutilize as emoções, compreenda as intenções que vão por detrás de um sorriso amargo ou doce. Dose palavras, silencie. Surpreenda os demais, mas mais que a eles, traga surpresas a ti! Traga à tona a beleza de seres tu. Tudo em ti é teu. Tudo em ti é luz. Então vibre. Então ilumine.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Agora

Nada será como antes 
Se éramos sós e errantes,
somos agora uno e amantes

Nada será como ontem
Se os dias eram feios e frios
São agora mais que inebriantes

Nada será como pensávamos
Se os sonhos eram opacos, doloridos
São agora reais e recheados e coloridos

Nada será - pois que agora já somos

Se éramos perdidos caminhantes
Somos agora senhor e senhora

Somos donos do destino
Somos como o inocente
Homem
Menino
Mulher

Contentes,
Desatamos nós e correntes
E já não somos impotentes
diante da vida
E já não somos viventes
SOMOS FELIZES

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Bem Capaz




Tua capacidade de esfriar
o fogo que há em mim
me faz calar a ardência
buscar prudência
e silêncio

Tua certeza em minha falência
Me fez secar as palavras de amor
Me fez pecar sem poder me arrepender
Me fez estancar o sangue que queria jorrar
Me fez pensar se poderia ainda escrever poemas

Tua insistência
Em me fazer pensar, calar, parar
Me fez sentir falta de mim

Tua inteligência
Me fez reconsiderar os atos
Me fez redimensionar os tais hiatos
Mas se fez parecer com aqueles beatos
tão chatos, enfadonhos
tão certos, mas sem sonhos
tão meticulosos, tão sem graça
sentados numa praça cinzenta, sem risco
sentados num banco duro, sem sorte, sem risos
sentados à espera de uma certeza que a vida não garante

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Bem Perto

Minhas madrugadas já não são as mesmas

As poesias saíram de minhas mãos para tomar todo o meu corpo
Saltaram do papel para assaltar, de pronto, minha alma
Tua companhia assombrou meus antigos fantasmas
aniquilando a dúvida
que reinava
em minha calma cansada
em minha fala mastigada
em minha cara entediada

As melancolias cederam espaço às melodias
Tua voz ecoa, entoas os cânticos certos
Estamos cada vez mais perto
E sei, nunca estivemos longe

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Recordações


Aquelas recordações mais que estavam em nossos corações
estavam impressas na nossa alma, presas à nossa história
Já não havia memória ruim que pudesse apagar
já não cabia tristeza ou alegria
já não sabia como se definia
Éramos apenas nós
E éramos o mundo
O Nosso mundo
Profundo e simples
No fundo só e simplesmente
O que sempre houvéramos sonhado
E habitados por desejos, beijos e sonetos
Captados por dedos e mãos, e outros enlaces
Abandonamos os disfarces e entregamo-nos ao devaneio
mais real que a própria vida, que o momento, que o velho medo

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Tão Certa...



Meu romantismo supera qualquer falta de fé
Minha crença no infinito, no superior
É tão certa quanto o chão debaixo de meus pés
É tão aberta e repleta, que não cessa
Que não desiste, que não fica triste
Só interioriza, às vezes