sexta-feira, 10 de abril de 2015

VeioS e Véus





Não se pode conter uma bruxa
Não se pode reter a bruma
que circunda a embarcação
que circula ao sinal da mão
que lhe dá o sutil comando

Não se pode contar com o sim
de quem precisa ocultar
de quem pode moldar
a propulsora mola
da magia da vida

Não se pode esconder
de quem vê por trás da névoa
de palavras, as fal(s)as escravas


sexta-feira, 13 de março de 2015

Libertária Literária

Sei lá,
talvez eu seja apenas
uma libertária
com ideias literárias
com interesses
e dizeres
fora de moda

Ou, quem sabe, o inverso

Uma literata em verso
Buscadora de sentido
de rima fina
e desconexa
fala convexa
frouxa conversa
inventiva e inquieta
uma ilha des(P)erta


quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Renascer




Senti como as céticas
criaturas duras

Sorvi sorrateiramente
as lágrimas que escaparam
às crenças e certezas dantes

Sorri delicadamente
enquanto bailava em sonhos
beijava segredos montanhosos
escapava de sussurros mentirosos
driblava intentos e inventos maliciosos

Silenciei por dias e noites
e então descobri
falar mais alto por dentro
o ouvir mais calmo, atento
um amor em sumo, alimento
para uma alma cansada e clara
afagada e calma, das que clama
por colo e cura, mistério e doçura
para ser mar, ser mais, ser cais, ter paz

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Luas



Cortina de fumaça
Névoa no mar
Abraço o barco
Desfaz-se em brumas
Disfarce entre algumas
palavras (bem) ditas
Relíquias salgadas
Reluzem no fundo
do oceano do peito
Ar rarefeito
Fogo perfeito
Terra longe do céu
da tua boca
da tua pouca
paciência para luas

Julia Souza da Silva

Foto: Allan Weber
www.facebook.com/AllanWeberPhotography




quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Palavras



Palavras são larvas
que corroem a carne
das relações
das intenções
das interpretações

São lavas faiscantes
a percorrer entranhas
a socorrer lancinantes
desejos e pudores, dores
e acertos, certos e desertos
de sentimentos. Fingimentos

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Esquento (C)Orações



O dendê que ferve
por aqui serve
para refletir

Não pense ser ira
O que é lucidez
em roupagem
de Força 
e determinação

Não dispense
meus argumentos
ardidos, áridos, ácidos
Eles soam quadrados
aos ouvidos rasos
mas creia:
são pura Oração!


sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Com Conchas



Eu tenho uma concha
Uma colcha de retalhos inteiros
Uma coxa de contornos verdadeiros
Costurada por amores e pelos e peles

permeada por pérolas, musgos e testes
de força e vida e sais
sons, sonos e sonhos
me desvendam
me despertam
interpretam
minha liquidez

Rara fluidez
resta aos mortais,
rezam as lendas
enquanto somem