Chega de enigma
Pra que provar o que nem sabes se és?
Insígnias não me comovem
Palavras não me seduzem
Os efeitos do olhar produzem um resultado muito mais avassalador
as manhas dum bom carinho abrem caminhos que nem as tuas mandingas teriam coragem de competir
Saiba: as destrezas do chamego dão vazão a um mar de possibilidades em mim
e elas me fariam te mostrar tantas alternativas para uma, duas ou várias histórias tão alegres!
Não tem nada de inventada, nada inventiva a minha felicidade!
É construída, suada. Batalhada, sim, senhor!
Acaso pensas que foi com especulações que me tornei perspicaz? Foi indo fundo, meu amor. Fui indo e indo, até descobrir o que podia, até onde ia a tal ponte que eu avistava desde sempre.
Ah, não me diga que supunhas ser através de melindres que houvera encontrado meus prazeres? Conheci-os mergulhando neles!
Cada pedaço de mim, cada parcela das minhas tentativas – ainda que algumas parecessem absolutamente vãs – me trouxeram de volta a frente do meu espelho
E agora me apareces aqui, de joelhos, tentando entender de mim o que sequer sabes de ti
Por favor, olha-te
Chega de fingir para ti mesmo
Pra que abafar as vozes de teu peito, calar teus lábios e só usar teus pés?
Melodias que não ouves não te farão cantar
Arredias armadilhas, silêncios profundos não te farão amar
Os efeitos de uma vida trancada em si, não são nada além de solidão.
É só um estranho que não sabe com quem convive. Acha que vive só, até notar que o ser ao lado lhe mostra tanto de si, tanto se parece consigo, que esse outro é mais ele do que ele mesmo.
‘E como então não percebi que somos então espelhos uns dos outros’, se pergunta.
‘Para que tantas fugas, se todo tempo eu estou comigo? De mim não fujo’
E nota então que quanto mais depressa corre, mais o desespero lhe toma
Compreende que nem o rio mais caudaloso enche um deserto interno
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