quinta-feira, 26 de abril de 2012

Eparrei



Não sei, mas acho que preciso de mais
Ou, quem sabe, preciso demais (?)
Talvez precise só estar só
ou quem sabe precise só
de um banho de mar
ou um de cachoeira
Um banho de amor
Um bocado de amor pra aquecer um coração cambaleante
pra reconfortar um sentimento tão errante, uma canção tão desconcertante
ideias tão cortantes quanto os relâmpagos das madrugadas regidas por Iansã

E falando Nela, preciso sim é de sua Força
Seus Chicotes, Erechins e Ventanias
Serão meus guias
neste novo caminhar

Seus ventos que me joguem em novas estradas
que me empurrem a novas entradas
que me enlevem e levem ao céu

Meus medos, Ela dissipe com seus raios
Seus raios iluminem os segredos da vida
Minha vida esteja sempre à luz de Sua espada

sábado, 7 de abril de 2012

O Não-Escritor

                                              

Poeta não é escritor mesmo.
Poeta mói.
Mói e corrói o que dói na alma inquieta do povo.

Poeta não escreve.
Poeta põe.
Põe em ordem as ideias – bagunçando-as.

Poeta não descreve.
Poeta rompe.
Rompe com os conceitos rotos do tradicionalismo linguístico.

Poeta não transcreve.
Poeta interrompe.
Interrompe o jeito velho e cansado de sentir e pensar e repetir.

Poeta não prescreve.
Poeta vive.
Vive nos que vivem de amor, e natureza, e qualquer coisa que seja poesia.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Gaiola


Onde está minha alegria?
Onde foi parar a luz do dia?
Onde se impregnou a agonia,
que não vejo, mas sinto
que não conto, mas minto
que não entendo, mas pinto
na tela, na teia cheia da vida bordada à mão

Onde está minha ousadia?
Onde foi começar a mordomia?
Onde se impregnou minha apatia,
que não quis, mas expus
que não projetei, mas reluz
eu não almejei, mas jamais pus
para dentro da gaveta e chaveei com vigor

Tateando pelos cantos da casa e do coração
na esperança de encontrar alguma solução
concluí não haverem fórmulas mágicas
capazes de amornar o desejo de ser

Tatuando mandalas por todo o meu corpo
na esperança de registrar alguma  emoção
concluí não haverem símbolos mágicos
capazes de tornar indelével o querer